

Incêndios florestais neste ano foram menos agressivos, mas falta de chuva e temperatura excessiva aumentaram impactos
O dano causado pelos incêndios florestais aliado a impactos causados à vegetação e à fauna no Pantanal neste 2021 estão menores do que o registrado ano passado.
Mesmo assim, ainda há sérios perigos que atingem o bioma e essa problemática tem repercussão neste 12 de novembro, data que se celebra o Dia do Pantanal. Enquanto o fogo deixou de ser a grande ameaça, a estiagem está severa e causando diferentes impactos.
Os reflexos dessa situação ainda estão sendo estudados por pesquisadores, enquanto isso, estudo da Indiana State University, de 7 de janeiro de 2020, sugere que o Pantanal ainda enfrentará períodos severos de seca e redução do seu volume de área alagável. Até 2025 a estiagem pode perdurar.
Sobre o fogo, a área total queimada entre janeiro e agosto deste ano é cerca de seis vezes menor do que ocorreu em 2020, identificou o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia da UFRJ (LASA).
Nos outros primeiros meses de 2021, 261.800 hectares queimaram, enquanto no ano anterior foram 1.368.775 hectares do Pantanal (de MS e MT) atingidos por queimadas.
Mesmo assim, a falta de chuva prolongada – estiagem começou em 2020– tem transformado diferentes cenários do Pantanal. Diferentes ilhas começaram a se formar na região do Paraguai Mirim, que fica perto de Corumbá e Ladário.
Mais ao norte, sentido Mato Grosso, nas proximidades da Serra do Amolar, houve locais que praticamente a água foi embora.
Na baía do Morro, o chão rachou pela falta de água e em setembro deste ano centenas de peixes foram encontrados mortos por equipe de pesquisadores do Instituto do Homem Pantaneiro (IHP).
O Mapbiomas identificou que mais de 780 mil hectares de água já foram perdidos em MS entre 1985 e 2020.
Estudos compilados pela Embrapa Pantanal identificaram que a temperaruta média no Pantanal, neste ano, aumentou em cerca de 1º.
Isso foi suficiente para fazer com que os termômetros ultrapassagem os 40º C por vários dias, principalmente entre junho e agosto.
Com essas condições de temperatura, foi verificado que além da falta de chuva para impactar na seca, o nível de evaporação do rio Paraguai estava mais alto do que de costume.
No final de setembro, levantamento divulgado pelo meteorologista Natálio Abrahão apontou que a evaporação na bacia que alimenta o Pantanal estava em 140 ml por hora a cada m² do Rio Paraguai.
Nessa situação, o rio estava perdendo 1,4 litro de água por metro a cada período de 10 horas.
A situação do rio Paraguai com relação à estiagem passou a apresentar melhora a partir de meados de outubro, antes de o nível da régua do rio Paraguai, que fica em Ladário, atingir a marca história de -61 cm de nível.
Um dia antes do Dia do Pantanal, instituído pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e lei estadual definida por conta da morte de Francisco Anselmo de Barros, ambientalista que ateou fogo no próprio corpo em 2005 durante protesto em defesa do bioma, o nível do rio em Ladário estava 2,22 m abaixo do nível da régua (-0,20 m).
“Há um intenso esforço para se estudar o Pantanal cada vez mais de forma sustentável, agora uma questão preocupante é com relação aos cortes aplicados à ciência no Brasil. 92% do fomento à pesquisa foi cortado para o próximo ano. Sem ciência a gente não tem como avançar”, analisa a pesquisadora da UFMS Letícia Couto Garcia, vencedora do prêmio Mulheres na Ciência da Unesco e Academia Brasileira de Ciências (ABC) de 2021.
Ela dedica mais de uma década em estudos sobre o uso sustentável do Pantanal
fonte: correiodoesado Rodolfo César