Em alta recorde, soja deve atingir faturamento de R$ 11 bilhões no Estado


Guerra comercial entre EUA e China e preços elevados são alguns dos motivos que impulsionaram rendimento
Valorização no preço da soja fez aumentar em 17,9% a projeção de rendimento nas lavouras da oleaginosa em Mato Grosso do Sul neste ano, de acordo com dados da Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). De R$ 9,486 bilhões, em 2017, o montante foi elevado para R$ 11,192 bilhões. Com o resultado, a soja também contribuiu para elevar a estimativa total do Valor Bruto de Produção Agropecuária (VBP) do Estado em 5%, passando de R$ 30,559 bilhões para R$ 32,106 bilhões. Desse montante, o grão responde por 34,85% da renda total e por 51,59% do valor projetado somente para as lavouras sul-mato-grossenses.
De acordo com Juliano Schmaedecke, presidente da Associação de Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), o VBP é resultado da multiplicação da produção pelo preço médio de mercado e, no caso da soja, a explicação para o aumento do VBP está relacionada à evolução do preço médio da saca. “Neste ano, o preço está 17,8% acima do preço médio de 2017 e a produção avançou 12,9%”, afirmou.
O dirigente da Aprosoja também chamou atenção para o avanço no VBP do milho no Estado, estimado em R$ 4,2 bilhões, o que representa alta de 16,8% em relação a 2017. As culturas de soja e milho juntas representam 48,1% do rendimento total da agropecuária de Mato Grosso do Sul.
“No caso do milho, embora haja a expectativa de redução da produção do milho segunda safra 2018, o preço da saca está em média 33,5% superior ao mesmo período de 2017; isso explica o VBP do milho ainda bastante positivo”, finalizou.
Cenário
A sustentação dos preços da soja no mercado é confirmada pelo consultor da Granos, Carlos Ronaldo Dávalos, por meio de dois fatores. “No período de entressafra americana, tivemos um cenário em que a soja chegou a US$ 10, US$ 10,60 por bushel (medida para negociação no mercado internacional que equivale a 27,216 quilos). Agora, pela especulação de boa colheita americana, essa produção pressionou as cotações nacionais para US$ 8,50 a US$ 8,60 o bushel. O que vem sustentando um pouco e segurando os preços é a taxa cambial, dentro do momento político, para o cenário de Mato Grosso do Sul e do País. De um lado, há a instabilidade cambial, com muita volatilidade; de outro, temos o grande produtor (EUA) vindo com uma boa colheita de soja e milho – no caso deles, a colheita é em setembro, e no Brasil, a safra se inverte, iniciando o plantio. Esses fatores contribuíram para manter os níveis de soja disponíveis e seguraram uma queda mais forte de preços no País, diferentemente do cenário internacional”, explicou.
Ainda conforme o consultor da Granos, o que também tem colaborado é a questão cambial e os prêmios praticados nos portos brasileiros, bastante influenciados pela decisão comercial entre Estados Unidos e China. “A política [de sobretaxação dos produtos chineses] do governo americano continua irreversível e estamos lidando com um player que precisa de 15 milhões de toneladas de soja e que importa 95 milhões de toneladas do produto por ano. Ele continua buscando o Brasil, o que contribui para as condições de preço atuais. Mantendo-se esse cenário internacional, de boa colheita norte-americana e o governo sem nenhuma mudança entre EUA e China, a projeção é de boa liquidez para a soja brasileira”, completou.
Comercialização
No curto prazo, conforme dados da Granos Consultoria, 76% da soja produzida em Mato Grosso do Sul já está comercializada e o consultor destaca que esse porcentual já foi alcançado no início do segundo semestre, ou seja, “ainda temos uma janela de seis meses para a entrada da nova safra e provavelmente esse cenário vai se manter, escorado pela boa questão cambial, até o fim do ano”.
Os preços para comercialização da soja spot (disponível nos contratos atuais) giram em torno de R$ 73 e R$ 74 a saca, enquanto a soja futura está entre R$ 66 e R$ 67.
fonte: correiodoestado