

Profissionais calculam que valor que sobrava dos fretes caiu em torno de 60% nos últimos anos
R$ 6.766 só de combustível, de Nova Mutum (MT) para Paranaguá (PR). Eu pagava R$ 2,35 há um ano atrás [no preço do litro de diesel] e agora R$ 3,98. Não tem condições. Sempre é anunciado que o diesel vai subir e o frete vai subir junto, provocando uma alta nos preços de alimentos e outros produtos que transportamos. Mas nós não vemos essa conta. Para a população acontece, mas para o caminhoneiro não. O frete não sobe. O valor é o mesmo de um, dois, três anos atrás. Antigamente um frete que me sobrava R$ 5 mil, hoje sobra R$ 1,5 mil. Não tem mais condições de trabalhar assim”.
O desabafo é do caminhoneiro Fábio Moura, de Mato Grosso do Sul, um dos profissionais que aderiu a paralisação nacional da categoria deflagrada nesta segunda-feira (21). Ele participou durante a manhã da interdição total da BR-163, principal rodovia de Mato Grosso do Sul, no trecho que fica próximo a base da concessionária que administra a estrada, a CCR MS Via.
Outro caminhoneiro que também lamentou muito a situação da categoria é “Carlinhos”, que trabalha principalmente fazendo fretes de soja entre Campo Grande e o porto de Santos (SP). “Hoje caiu em cerca de 60% o que nós tínhamos de lucro com o transporte. Uma viagem que sobrava em torno de R$ 4,5 mil, hoje sobra R$ 1,5 mil. Hoje estou gastando em torno de R$ 3,3 mil por perna. Esse valor para ir para Santos e depois para voltar”, comenta o profissional.
A categoria diz que já lamenta o problema há algum tempo, sendo que o último reajuste foi a “gota d’água” e a paralisação teve adesão de trabalhadores que levam desde carga frigorífica até o produto a granel.
A Petrobras diz que as revisões podem ou não refletir para o consumidor final – isso depende dos postos. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP), o preço médio do diesel nas bombas já acumula alta de 8% no ano. O valor está acima da inflação acumulada no ano, de 0,92%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No início da manhã havia atos em pelo menos 16 estados: Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
fonte: G1